quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Melhoria da Qualidade do Produto de Santo Antão


É claro que aumentar a qualidade do Produto de Santo Antão (Certificação e Expurgo) é uma necessidade urgente. Mas como fazer isso, sem um aumento prévio do Nível de Renda (salários, encargos, honorários...) local e nacional? É sabido que o aumento da qualidade traduz-se na valorização do produto, portanto, num preço maior que exige um poder de compra maior. E Santo Antão como sendo uma Ilha de baixo nível de renda (pobre e de baixo poder de barganha) e com custo de vida altíssimos, esse aumento trará impactos negativos na Produção e Consumo! Neste caso, teremos duas saídas;
1 - Apostar na Unificação do Mercado Interno (descobrir a melhor forma de escoar o produto no mercado interno e a baixo custo).
2 - Exportação e o consequente Investimento Tecnológico na Agricultura (barateia os custos de produção e aumenta a competitividade do sector).
Portanto, é preciso sim pensar nessa qualidade, mas também no seu custo! É preciso criar e aumentar uma classe média exigente! Mas é preciso, basicamente, infraestruturar de forma integral a Ilha, de uma forma particular, e o País, de uma forma geral!!!
Carlos Bentub
Economista
(238) 5936287

OPINIÃO

Muitos defendem que Santo Antão não precisa de um Aeroporto Internacional ou de uma Delegação de RTC, pois já existe esses projectos na Ilha de São Vicente. Se essa visão é correta, porque há um Aeroporto Internacional e uma Delegação de RTC na Ilha do Fogo, existindo esses projectos na Ilha vizinha de Santiago?
Afinal, até quando vamos " colocar os nossos alimentos no frigorífico do vizinho, por

não termos um que é nosso? Até quando o desenvolvimento de Santo Antão vai estar acoplado ao desenvolvimento da ilha de São Vicente, se essas duas ilhas são diferentes no ponto de vista Económico e Social?
Hora de despartidarizar os projectos públicos! Hora de sermos dependentes de nós mesmos! Hora de assumirmos os nossos próprios destinos! Viva a luta por Santo Antão!!!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O “Vôo da Galinha” da Economia de Cabo Verde


Depois do “milagre” econômico conseguido na década de 70, fruto dos elevados investimentos públicos financiado pelos petrodólares para a infra-estruturação do país, na década seguinte, com o primeiro choque de petróleo e com o conseqüente aumento brusco das taxas de juros internacionais, o Brasil enfrentou uma dura recessão com crise da dívida pública, a chamada de “Década Perdida”. Esse fenômeno econômico cíclico foi designado pelos Economistas de “Vôo da Galinha”, isto é, crescimento econômico considerável e sem sustentação.
Assim como, a galinha é incapaz de manter um vôo por mais de alguns segundos e, via de regra, é curto, da mesma forma, o crescimento econômico obtido não perdura e é curto. Essa falta de sustentação do vôo decorre da falta de investimento prévio ou se for interrompido temporalmente (Stop and Go).
O atual desenho da conjuntura econômica de Cabo Verde me leva a crer que, salvo erro, estamos aproximando dessa situação. Debruçaremos então sobre esse pensamento;
 - Dados do INE nos mostram um comportamento crescente do PIB desde 2002, quando o resultado efetivo foi de 4,6%, passando para 4,7% em 2003 e 5 % em 2004. Essa trajetória permaneceu pelo que, em 2005, ano eleitoral, a Economia cresceu 6,4%, com destaque para o consumo privado ( cresceu 5,3%).
- Em 2006 a nossa Economia teve um “crescimento chinês” de 10,8%, impulsionado por elevados investimentos (públicos e privados) e, também, pelo crescimento no setor bancário e da telecomunicação.
- Já em 2007 temos uma mudança dessa tendência visto que, nesse ano o PIB cresceu 7,8%, representando uma redução de 3% em relação ao ano anterior. Tal fato reflete um declínio do Investimento Estrangeiro Direto, que cresceu 58,8% em 2006 e 33,3% em 2007. No setor de construção civil e obras públicas houve crescimento de 9,9%, contra os 14% que se registrou em 2006 (INE 2007).
- Em 2008, ano de adesão do país à Organização Mundial do Comércio (OMC) e da elevação a País de Rendimento Médio, o PIB cresceu 6,1%, já sentindo os reflexos da crise internacional iniciada nesse ano.
- No ano seguinte, com o agravamento da crise e do seu impacto macroeconômico à nível nacional a economia cresceu apenas 4%. Em 2010, por conta da política anti-crise do governo central, a economia tem uma pequena e quase imperceptível recuperação, ao crescer 5,6%.
- A previsão dos analistas do INE é que o PIB se estabilize em 2011. Para 2012 a tendência é de agravamento, por conta da crise da dívida soberana na União Européia, nossos principais parceiros comerciais.
- Aliado à tudo isso temos o aumento da taxa de desemprego, aumento do déficit público e da dívida pública (que hoje situa nos 93,7% do PIB), diminuição dos investimentos (motor do crescimento) e o agravamento das contas externas.
Portanto minha gente, se esse cenário de desaceleração do crescimento econômico continuar pelos próximos anos (pelo menos até o fim dessa década) por falta de sustentação, demos, então, um “vôo de galinha”. (crescer e não manter esse crescimento). Temos de trabalhar e tomar boas medidas para que isso não aconteça!
Assim, para que esse cenário não se desemboque numa “década perdida”, ainda há tempo de colocar o pé no freio e reverter essa situação constrangedora. Uma política fiscal condizente com a realidade do país e uma política de ataque radical ao desemprego e de incentivo aos investimentos, seriam uma grande saída.

Carlos Bentub
Economista
Contacto: (238) 5936287

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A Mentalidade do Santantonense

Outrodia, conversando com um grande amigo, fiz a seguinte constatação:

- O Santantonense tem a fama de ser humilde demais e, por isso, somos uma das ilhas que menos beneficia dos recursos do Governo Central (estamos no último lugar no quesito prioridades). Talvez por essa razão somos a ilha mais pobre do país (segundo dados do INE).

Pode ser que eu esteja errado, ou que você tenha outra visão acerca do assunto mas, essa é uma realidade visível! Isto porque, como dizemos no nosso querido crioulo, “ Nô tem mania de contentá que pôc”.

Pra uma ilha que quer sair do “fosso do abismo”, essa mentalidade é reprovável!

Porque será que a Ilha de Santiago está liderando essa “corrida”? Porque será que a Economia da Ilha de Santiago é mais “avançada” que a Economia do nosso querido Santo Antão? Será porque eles pensam diferente de nós? Ou será que é apenas um mero resultado do destino?

Uns devem estar a pensar que isto acontece porque, Santiago é a maior ilha do país, portanto, com um maior mercado consumidor. Outros devem estar a pensar que isso acontece porque ela é a ilha que mais atrai projectos de investimentos no país, ou por ser a capital e, portanto, por sediar o Governo Central. Outros devem estar a culpar essa política concentradora do nosso Governo.

Não que estejam errados mas, isso acontece porque, primordialmente, eles pensam de uma forma diferente da nossa! Eles têm uma mentalidade de “querer cada vez mais”. E eles exigem o suficiente pra que isso aconteça!

Sei que pode haver controvérsias com essa minha constatação mas, a mentalidade, a ideologia e a atitude, são factores que podem decidir o rumo da Economia de uma dada comunidade.

Caro Santantonense, hora de mudar a nossa mentalidade chegou! Justamente agora que o nosso país enfrenta desafios! Um deles é por sermos um país de desenvolvimento médio. Outro é por estarmos em crise! Precisamos dessa atitude e, sobretudo, criar novas ideias para que possamos enfrentar os obstáculos e progredir a Economia nacional e regional.

Temos potencial pra isso! Somos ricos em recursos como; recursos hídricos, terras de cultivo (sequeiro e regadio), bens agrícolas, segurança, turismo (principalmente o rural), ecoturismo, jovens talentosos…somos uma ilha vasta!

Tomemos a atitude de querer e exigir cada vez mais a infra-estruturação da ilha (e tem de ser de qualidade). Isto porque, a infra-estruturação gera investimentos horizontais e, com isso, suprir a carência de projectos, um dos factores para o nosso “atraso”.

A incidência de tributos e contribuições do Governo é a mesma em todas as ilhas. Portanto, pagamos o mesmo imposto!

“Querer e exigir cada vez mais”. Essa é a nova ordem, essa é a nova mentalidade que precisa ser adoptada!

Corajoso de Santo Antão, posso contar consigo?

Carlos Bentub

Economista