Há bem pouco tempo, o Modelo Keynesiano baseada no déficit público era tido como “morto” no seio da sociedade. Essa teoria levou muitos países, principalmente os da periferia, a cair na lógica do “crédito fácil”, quando foram surpreendidos com o aumento dos juros pelos Estados Unidos,nos finais da década de setenta e inícios dos anos oitenta. Desde então, o dito modelo desenvolvimentista estatal foi superado na década seguinte pelo Modelo Neoliberal que tem como pressupostos básicos, a abertura comercial e financeira e a existência de um Estado mínimo, portanto, uma economia “livre” capaz de alocar os recursos da melhor maneira possível onde as forças de mercado o levariam automaticamente ao pleno emprego. Por: Carlos Bentub*
As evidências atuais (neste caso, a crise econômica e financeira nos EUA e seus efeitos na economia mundial) nos levam a crer que o modelo desenvolvimentista está de volta. A nacionalização de bancos europeus e norte-americanos e a aprovação de pacotes bilionários no congresso desses países, que visam injectar recursos como forma de recuperar a liquidez na economia e debelar a crise, são provas disso.
Nas épocas de recessão econômica, quando o Estado entra gastando recursos com o intuito de aumentar a demanda efetiva , que por sua vez puxa para cima o efeito multiplicador dos investimentos e leva à recuperação da economia, é sinal de que o livre mercado não atende todas as necessidades da sociedade, portanto, ele gera ineficiências. Por isso, não há razões pra duvidar que o mercado deve ser regulado pelo Estado.
Com essa nova fase do Capitalismo, a financeirização, a valorização do capital no mercado financeiro tornou mais atraente do que a valorização da mesma na esfera produtiva. Assim, os aplicadores e, principalmente, os especuladores, passaram a ter ganhos consideráveis e lucros cada vez maiores nesses mercados, alimentando, com isso, a vitalidade do sistema. Como a economia é cíclica, hoje o mercado financeiro está enfrentando os seus piores dias, nesse período que para muitos, é a maior crise do sistema capitalista, desde 1929. Mas, essa é a lógica do Capitalismo, ou seja, sempre vai haver crises nesse sistema.
Caro leitor, com os acontecimentos econômicos atuais, podemos assim deduzir que, há um preço a pagar. Para começar, há a constatação da responsabilidade do Governo Bush na crise que empobrecerá milhões de pessoas mundo afora. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Peter Mandelson, alfinetando o Governo norte-americano, declarou que a situação de seu país é preocupante e que, nenhum dos problemas que estão enfrentando hoje teria aparecido se não fossem os acontecimentos de Wall Street e do sistema financeiro norte-americano. Além disso, vários países já estão em recessão (no caso do Japão) e a tendência é de piorar ainda mais. Como essa crise já está a surtir efeito no lado real da economia e não apenas no lado financeiro, as empresas não estão conseguindo obter créditos no mercado e, por isso, muitos já despediram seus trabalhadores.
Estima-se também que, em 2009 haverá milhões de desempregados e a economia mundial vai apresentar crescimento próximo a 0%. Portanto, são conseqüências muitas desastrosas que, sem uma ação conjunta dos Estados mundiais, injectando recursos na economia, não poderão ser resolvidos assim tão cedo e os países, principalmente os mais pobres, crescerão menos e caminharão provavelmente a uma grande depressão, como aconteceu antes, em 1929. Por isso, a idéia de que o Estado não deve intervir na economia deve ser ignorada.
* Carlos Bentub, graduando em Economia pela PUC-Campinas, São Paulo, Brasil. calubentub21@hotmail.com
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