sexta-feira, 13 de março de 2009

Será mesmo o fim do capitalismo?

Na “segunda-feira negra” de 1929, com o crash da Bolsa de Nova Yorke, o Sistema Capitalista viveu a sua pior crise. Na época comentava-se que seria o seu fim. Porém, o sistema foi salvo quando as idéias keynesianas começaram a exercer influências na sociedade. Pelo pensamento keynesiano, o Estado deve intervir na Economia, regulando-a e gerando Emprego e Renda, sustentando dessa forma o seu crescimento.Assim, no pós-guerra, a Economia dos países capitalistas, nomeadamente os Estados Unidos e os países europeus, atingiram níveis espantosos de crescimento até a década de 1970, ao adotarem o Modelo Desenvolvimentista guiado pelo Estado.A estagflação (estagnação da economia com inflação em alta), o aumento dos juros internacionais e os dois choques de petróleo enfrentados pelos países nos anos 80, levaram ao questionamento do Desenvolvimentismo Estatal. Era necessário portanto, a adoção de um novo sistema econômico, capaz de resolver os problemas econômicos melhor que o Estado. Por isso, a partir de 1990 o Sistema Neoliberal, sistema esse que critica o Desenvolvimentismo, entra em cena.Atualmente, para muitos economistas, estamos de volta a 1929 e o Capitalismo está novamente ameaçado a extinguir-se. Será mesmo o fim do Capitalismo? As bases dessa crença é a crise econômica e financeira presente na Economia norte-americana.As atenções estiveram centradas no Fed (Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos), principalmente depois do recente resgate do banco de investimentos Bear Stearnes, um dos melhores bancos do país e do mundo. Nessa semana, mais uma vez o Governo foi obrigado a socorrer financeiramente (compra de ações) duas instituições de peso no mercado hipotecário, a Fannie Mae e a Freddie Mac. A pergunta que se coloca é que, até onde o Governo pode agir para reduzir os problemas de liquidez na Economia? Por outras palavras, será que o Governo vai ter, em seus cofres, recursos suficientes para recuperar essa crise atual?Os bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos estão injetando bilhões de dólares na Economia, mas até agora os cofres públicos desses países não deram sinal de alerta, ou seja, se estão faltando dinheiro. Mas o que não entendo é que esses bancos centrais preferem ajudar uma meia dúzia de banqueiros enquanto milhões de pessoas, principalmente nos países pobres, estão passando fome.Dando ênfase à Economia chinesa e a dos grandes produtores de petróleo do Médio Oriente, as estatísticas atuais mostram que mais de US$ 1,2 trilhão de reservas externas desses países estão investidos em títulos dessas duas instituições semipúblicas (Fannie Mae e Freddie Mac), ameaçadas à falência. O que acontecerá com esses papéis, caso realmente essas duas agências falirem? E se esses investidores externos conseguirem recuperar os seus papéis, para onde se dirigirão esses recursos? Certamente, você já deve ter pensado que, ou os papéis vão virar pó (desvalorizar) ou emigrarão para os países emergentes, com uma economia mais “saudável” como o Brasil, a Índia, a Colômbia, etc, e a Economia norte-americana, por sua vez, ficará mais longe de se recuperar.Mais uma vez estamos a discutir temas e enfrentando problemas econômicos que pensávamos ter resolvidos, depois das quebras das instituições financeiras com a crise de 1929. Por isso, o dinheiro público tem que ser permanentemente mobilizado para evitar o pior. Quanto mais cedo os Governos mobilizarem os recursos, menores serão os impactos negativos dessa Crise Bancária na Economia Global.Carlos BentubGraduando em Economia pela PUC-Campinas, São Paulo, Brasil.

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